Se estás à procura de inspiração para a tua próxima aventura ou simplesmente gostas de literatura de viagem, os líderes da Landescape sugerem-te cinco livros para viajar sem sair de casa, verdadeiramente fascinantes sobre o nosso mundo, tão vasto, e aqueles que se atrevem a explorá-lo!
Gabel Oliveira – A longa estrada para casa, de Saroo Brierley
Não é propriamente um livro de viagens, mas um livro que gostei muito de ler e que me fez reviver uma viagem. Chama-se “A longa estrada para casa”, de Saroo Brierley (que inspirou o filme Lion).
Este livro marcou-me especialmente pois foi lido pouco depois de ter regressado da Índia, e concretamente de Calcutá, onde parte da história acontece. É um testemunho verídico, contado na primeira pessoa, de uma criança de 5 anos que se perdeu da família numa estação de comboios. Com esperança de encontrar ou ser encontrado pelo irmão, entrou num comboio, onde adormeceu, tendo ido parar às ruas confusas de Calcutá.
Toda a descrição das experiências que o rapaz viveu, os perigos, os medos, as ajudas que recebeu, os locais por onde passou, me transportaram novamente para as ruas e comboios daquela cidade. Lembrei-me de tantas outras situações e crianças que por lá vi, e que certamente podiam ter sido o protagonista deste livro.
Ao ler “A longa estrada para casa” dei por mim a pensar nas diferenças culturais, com a sua beleza e riqueza, nas dificuldades que se vivem em tantos cantos do mundo, na simplicidade, nos valores que há (ou não) em qualquer parte do planeta, em como devemos aprender a valorizar a sorte que temos e as coisas mais simples da vida.
É uma história com um final feliz, ao contrário da de tantas outras crianças referidas no livro.
Carina Silva – Caderno afegão, de Alexandra Lucas Coelho
Elejo o livro “Caderno afegão” da Alexandra Lucas Coelho, que pertence à seleção feita por Carlos Vaz Marques para a Tinta da China.
Escolho este livro porque dos que li recentemente foi aquele que mais impacto teve em mim, ao ponto de ter colocado o Afeganistão na minha lista de países prioritários a visitar. Saber mais sobre a realidade tão dura de um país ainda com marcas tão visíveis da ocupação Taliban, em que a mulher infelizmente continua a ser desrespeitada e negligenciada, privada de direitos humanos básicos, foi verdadeiramente chocante. Devo confessar que em alguns momentos da leitura tive de prender as lágrimas para não me correrem pela face abaixo.
Mas no meio de tanta amargura e tristeza, ao ponto de ficar com um nó na garganta, o livro também realça a beleza natural do país, apontando no mapa alguns dos seus locais mais místicos, bem como a sua história, a sua cultura milenar. Senti-me verdadeiramente a viajar sem sair do sofá, fiquei muitas vezes tensa, outras vezes sorri, mas no fundo despertei para a vontade de conhecer este país.
Rafael Polónia – Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares
Talvez o meu livro favorito, tão no top que deu nome à primeira viagem à Índia da Landescape. Escrito ao estilo de epopeia, “imita” Os Lusíadas no número de cantos e nas estrofes, Bloom, a personagem que Gonçalo M. Tavares criou, parte de Lisboa numa viagem para a Índia.
O objectivo? Aprender e esquecer ao mesmo tempo. A Índia, aqui, é o que menos interessa. O que interessa, como no livro de Luís de Camões, é a viagem, nem que esta seja só interna. Obrigatório!
André Neves – Just Kids, de Patti Smith
A minha escolha é o Just Kids da Patti Smith, um best-seller do New York Times, um livro de memórias incrivelmente bem escrito pela Patti Smith que retrata uma Nova Iorque do fim dos 60 e início dos 70.
As descrições da cidade e da efervescência criativa vivida nesse período é contado de forma deliciosa pela autora, como em todos os bons livros, este tem a capacidade de nos transportar no tempo e no espaço e deixa-nos com vontade de ter vivenciado essa época da cidade que nunca dorme.
Carolina Matos – The invention of nature, de Andrea Wulf
Este é um livro sobre natureza, exploração, inesperado e ciência. Conta o trajeto de vida de uma das mais impressionantes personagens da nossa história: o cientista e explorador Alexander Von Humboldt.
Humboldt nasceu em 1769 e foi responsável pela forma como vemos o Mundo hoje em dia e como percebemos a natureza. A forma como ele olhava e observava os fenómenos naturais nas suas viagens inspirou muitos dos futuros cientistas, incluindo Charles Darwin. Darwin disse mesmo que se não fosse por Humboldt nunca teria entrado na viagem do Beagle. Influenciou politicamente a formação de novas e inovadoras leis da conservação e devido aos seus relatórios e diários de viagem novas disciplinas de estudo foram criadas.
Por isto mesmo, as suas aventuras ensinaram-me a observar cuidadosamente a natureza durante as minhas viagens. Não fiz exatamente o seu percurso mas está na minha lista. Talvez um dia!
Na verdade, ao ler este livro eu imagino exatamente o tipo de viagem que gostaria de fazer. Totalmente exploratória. Hoje em dia tudo se sabe de antemão, tudo está disponível através da internet, a maioria das pessoas viaja sabendo já para que hotel vai, como chega lá, quem e o que lá vai estar, que comida vai comer…e ficam surpreendidas se dizes que não sabes de nada e apenas queres ir. Imaginar o que pode estar do outro lado é o que para mim traz a emoção toda de viajar. Ser surpreendida e aprender com cada desafio.
Eu também sou cientista e nem de propósito na recente série “Chernobyl”, Lagasov, o cientista responsável pela investigação do sucedido, diz: “Ser cientista é ser ingénuo”.
Para mim isto aplica-se também às viagens. Estamos muitas vezes focados nas expectativas de um lugar e esquecemos-nos de olhar, interrogar, absorver e aceitar o que esse lugar na verdade tem para nos oferecer.
Este artigo foi escrito pela equipa Landescape.
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